portugues espanhol ingles
CRMV-RS participa de ação do projeto Médicos Veterinários de Rua do Rio de Janeiro
28/10/2021

A experiência do projeto Médicos Veterinários de Rua do Rio de Janeiro será balizadora da primeira ação do Médicos Veterinários de Rua Rio Grande do Sul, que será realizada no próximo dia 31 de outubro, em Porto Alegre. A presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio Grande do Sul (CRMV-RS), Lisandra Dornelles, participou da sexta edição na capital carioca, realizada no último domingo (24).


 A visita teve como objetivo proporcionar uma troca de experiências, para aplicar os conhecimentos adquiridos na prática junto ao grupo carioca nas ações que começarão a ser desenvolvidas no Estado. “O CRMV trabalha para a sociedade, portanto, a participação e o auxílio em projetos com fins sociais são de fundamental importância, principalmente no que diz respeito às questões de saúde única, como é o caso da ONG Médicos do Mundo e seu braço Médicos Veterinários de Rua”, disse a presidente. Ela destaca que são voluntários de todas as áreas da saúde trabalhando em prol do bem-estar e da saúde, tanto dos animais quanto de seus tutores, “trazendo ainda uma sensação de pertencimento para pessoas que vivem em situação de vulnerabilidade social”, completa.


Os três cães da moradora de rua Ainah Pinheiro, Malévola, Pandora e Lóka  foram os primeiros pacientes a chegar para atendimento pelos médicos veterinários voluntários do projeto. “A Pandora está com o olho muito vermelho, a Malévola tem que vacinar e a Lóka veio pra fazer revisão”, disse Ainah. Segundo ela, era a primeira vez que suas “filhas” consultavam com os médicos veterinários do projeto. Mesmo com todas as dificuldades de morar na rua, Ainah se dedica completamente aos seus cães, todos bem alimentados e cuidados. Atualmente, ela cuida de dois cães adultos e um filhote, o qual pretende cuidar até crescer um pouco e depois encontrar alguém que queira adotar. “Eu moro na rua, sei o quanto isso é difícil. Tenho dois cães que vivem na rua comigo e não posso adotar mais, por isso todos os que chegam, eu trato e tento encontrar um lar”. 

 

O médico veterinário e coordenador do projeto no Rio, Marco Antonio Andrade Rodrigues, disse que a presença do CRMV-RS na ação permitiu a troca de experiências e idéias e colaborou para o estreitamento da parceria da ONG com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). “Essa troca é uma via de duas mãos, pois assim como nos ajudou muito, inclusive nas tratativas com a Fiocruz, também servirá de apoio para a ação da ONG no Rio Grande do Sul, trazendo cada vez mais multiplicadores para este trabalho”, disse. Segundo Lisandra, a troca de experiência prática com a ONG do Rio deu uma ideia mais real da amplitude dos resultados que se pode ter numa ação desse tipo. “A abordagem e o carinho dispensados aos tutores, muito mais do que a parte técnica, certamente são os grandes responsáveis pela confiança que a população demonstrou ter na equipe. Esse tipo de vivência não se encontra nos livros”, completou.

 

A possibilidade de envolver também outras entidades no projeto dá mais credibilidade e força para as ações. “No RS já contamos com o apoio da prefeitura de Porto Alegre e do Ministério Público e a ação inicial já têm todas as autorizações necessárias para sua realização”. O próximo passo, aqui no estado, é transformar as ações em extensão universitária, na qual os estudantes possam ter uma experiência ampla com a medicina veterinária do coletivo, justamente onde existem os maiores gargalos.

 

A ação, realizada sempre no último domingo do mês, presta atendimento gratuito e voluntário para cães e gatos de pessoas em vulnerabilidade social: consulta clínica, vacina, vermifugação, testes diagnósticos são algumas das opções. As atividades duram, em média, cinco horas, e já contam com 45 voluntários cadastrados. Na ação de domingo, foram atendidos nove cães e dois gatos de moradores de rua.

 

O cãozinho Bolinha Thor era um deles, e foi para a consulta para revisão, nova dose da vacina e por ter apresentado quadro de vômito. “Coletamos sangue para descartar doenças transmitidas pelo carrapato como Erliquia, Anaplasma, Doença de Lyme a também a Dirofilariose, transmitida por um mosquito. Aproveitamos para orientar a tutora sobre controle de pulgas e sobre a importância de manter as vacinas em dia”, disse Rodrigues. A tutora de Bolinha, Cristiane Neves, estava apreensiva com o estado de saúde dele. “Eu cuido muito dele, ele é a minha vida e nada de mal pode acontecer com ele”, disse. Rodrigues diz que se for identificada alguma doença no animal, ele é tratado e orientado a retornar no mês seguinte para nova consulta. Se o tutor for acometido de alguma zoonose, é recomendado que procure instituições públicas de saúde.


Todo tutor que procura a ONG recebe ainda orientações sobre castração, ração, além de equipamentos como guias, comedores e medicação. O Médicos Veterinários de Rua é um dos braços da Associação Médicos do Mundo, iniciativa privada e filantrópica que busca promover o atendimento a pessoas e animais em situação de vulnerabilidade social.