portugues espanhol ingles
Homenagens às mulheres seguem com o perfil da Médica Veterinária Bruna de Britto
22/03/2022

A Campanha do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio Grande do Sul (CRMV-RS), que homenageia as mulheres durante o mês de março, traz hoje o perfil da médica veterinária, clínica geral de equinos, Bruna de Britto. Ela conta que foi a primeira mulher da região de Passo Fundo a trabalhar a campo com equinos e que, a partir do trabalho dela, incentivou muitas outras mulheres a seguirem na área de grandes animais. “Isso é uma coisa que me orgulha muito e eu acho legal comentar, pois muitas delas teriam parado, se não fosse por aquele incentivo. Então de certa forma eu servi como rede de apoio para elas. Acredito que as mulheres têm que se olhar mais e serem mais rede de apoio umas das outras”, defende Bruna.

 

A medica veterinária, que também é proprietária de um espaço pet - local com consultório, estética, creche e hotel para pequenos animais -, acredita que a experiência vivida por ela e as palavras de incentivo tenham evitado que muitas meninas parassem ao se depararem com situações de preconceito, ou que escutassem dos próprios familiares que o campo não é para mulher e que mulher deve cuidar só de cão e gato. “Hoje eu tenho negócios também na área pet, mas a minha área base é de equinos e tenho muito orgulho da minha história, de ter enfrentado tudo isso, ter enfrentado muito marmanjo no campo e de ter incentivado muitas outras meninas, hoje colegas profissionais, que passaram pelas mesmas situações e souberam como lidar melhor porque eu já tinha trilhado, de certa forma, e dado algumas dicas sobre o caminho futuro delas”.

 

Para Bruna atuar em duas áreas distintas da medicina veterinária – equinos, cães e gatos é muito desafiador e diferente. Segundo ela, o reconhecimento na área de equinos vem do proprietário do cavalo, quando a veterinária salva uma emergência. “Mesmo assim, antes de você salvar, ou até o dono do equino ter certeza que o animal está salvo, ele te olha e duvida: onde já se viu uma mulher trabalhando com um bicho deste tamanho? O que uma mulher vai saber? Pelo menos aqui na minha região, Passo Fundo, o pessoal era bastante preconceituoso”.

 

Na área de pequenos já é muito diferente, pois, na opinião de Bruna, a mulher é bem mais respeitada e não tem tanto preconceito. “Essa diferença é doída, porque às vezes a gente demora muito mais e tem mais dificuldade na área de grandes, mas a recompensa vem muito mais fácil na área de pequenos”. Mas, apesar das dificuldades, ela em nenhum momento pensou em parar de atender grandes, porque é o que gosta de fazer. Ela conta que hoje há muito mais mulheres no mercado, mas que há 12 anos atrás eram só três veterinários na cidade que atendiam o campo e ela era a única mulher.

 

Bruna acrescenta que as dificuldades da maternidade para as mulheres que trabalham fora são constantes e que tendem a ser mais exacerbadas para as profissionais autônomas e que trabalham a campo. “Eu sempre levei a minha filha para o meu trabalho, pois como eu sou autônoma, ela ficava comigo e de tarde ia para escolinha Nessa situação, nós mulheres temos que parar o trabalho por alguns momentos para dar atenção para a criança, ou mesmo tentar fazer as duas coisas ao mesmo tempo, dificuldades que a maioria dos homens não enfrenta”.