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CRMV-RS encaminha ofício à Promotoria de Justiça de Lajeado e ao Sindicato dos Radialistas pedindo providências após apresentador incitar o envenenamento de animais
06/07/2020

Na manhã desta segunda-feira (6), a presidente do CRMV-RS, Lisandra Dornelles, encaminhou ofício à Promotoria de Justiça de Lajeado e ao Sindicato dos Radialistas do Estado pedindo que tomem as medidas cabíveis em relação ao radialista Paulo Rogério, da Rádio Independente da cidade de Lajeado (RS). Na última sexta-feira (3), o apresentador do programa Acorda Rio Grande, incitou, publicamente, a prática criminosa de envenenamento de animais por estricnina, como forma de combater o problema do grande números de animais nas ruas.

 

Diante do fato, o Conselho reitera a preocupação e responsabilidade com os assuntos de interesse da Medicina Veterinária e Zootecnia e reforça que a prática é criminosa. O caso ganhou grande repercussão e o CRMV-RS aguarda que todas as medidas necessárias sejam tomadas em relação ao ocorrido.

 

Confira o texto do ofício na íntegra:

 

Senhor Promotor:

 

Ao cumprimentar cordialmente Vossa Excelência, trazemos ao vosso conhecimento que, no dia 3 do mês de julho do corrente ano, o radialista Paulo Rogério, da Rádio Independente da cidade de Lajeado/RS, incitou, publicamente, a prática de crime de envenenamento como forma de acabar com o problema de cachorros de rua. O comentário teve conivência do colega de programa Nícolas Horn, conforme transcrição que segue:

 

- (Nícolas Horn) ... Não citou a rua específica, dizendo então deste problema de cachorros soltos no bairro Centenário.
- (Paulo Rogério) Estricnina e um pedaço de carne resolvem.
- (Nícolas Horn) Risos.

 

O diálogo ocorreu durante o programa Acorda Rio Grande, registrado em vídeo e divulgado nas redes sociais (pode ser acessado no link encurtador.com.br/efj02), e teve grande repercussão em todo o Brasil. 

 

A estricnina, substância sugerida como “solução” pelo radialista, é um veneno tóxico que por muito tempo foi utilizado como pesticida e raticida. Consumida por pequenos animais, como cães e gatos, a estricnina provoca espasmos dolorosos após um período de 30 minutos a 2 horas.

 

“Inicialmente ocorre uma síndrome nervosa sem perda da consciência, com inquietação, dispnéia, contração dos músculosfaciais ("sorriso"), rigidez cervical, orelhas eretas tendendo a ajuntar-se, tórax e abdômen tensos, convulsões, hiper-retlexia, midliase durante a convulsão e extensão tônica dos membros, pois os músculos extensores apresentam força de contração mais pronunciada que os flexores. As convulsões, dosedependentes, são cada vez mais frequentes e graves, à medida que mais estricnina é absorvida pelo animal, causando opistótono, apnéia, anóxia cerebral, perda de consciência e morte. (HATCH, R. Venenos causadores de estimulação ou depressão nervosa. In: BOOTH, N. H.; McDONALD, L. E. Farmacologia e terapêutica em veterinária. 6.ed. Rio de Janeiro: GuanabaraKoogan, 1992).

 

Diante do fato, o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio Grande do Sul (CRMV-RS), cumprindo seu papel de entidade atuante em assuntos de interesse da Medicina Veterinária e da Zootecnia, em especial o bem-estar animal e a saúde pública, entende que houve incentivo à conduta criminosa, uma vez que já ocorreram situações de extermínio em cidades do Rio Grande do Sul.

 

O comentário do radialista levou a rádio Independente a emitir nota oficial, considerando a repercussão nacional nas redes sociais e através de inúmeros documentos enviados a rádio, informando, inclusive, que estaria tomando medidas internas sobre o fato ocorrido.

 

No entanto, na condição de presidente do CRMV-RS, a gravidade do fato nos leva a requerer a Vossa Senhoria medidas cabíveis para que episódios como esse não voltem a acontecer.

 

Sendo o que havia para o momento, aproveitamos a oportunidade para renovar votos de elevada estima e consideração.

 

Cordialmente,

 


Méd. Vet. Lisandra Dornelles - CRMV/RS 7371
Presidente





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